Com monitoramento regular da presença desde 2023 e a implantação das ações de busca ativa e o aplicativo Sala do Futuro, que permite aos familiares acompanharem as faltas dos alunos, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) fechou o mês de agosto com 144 mil estudantes a mais em sala de aula, todos os dias. Esses estudantes, antes ausentes, impulsionam os índices de frequência escolar da rede estadual, que saltaram de 81% em agosto de 2023 para atuais 85,8% no mesmo período de 2025 —um aumento de 4.8 p.p. em um total de 3 milhões de estudantes.
Na comparação entre agosto de 2023 e 2024, a Educação alcançou 81 mil alunos a mais em sala de aula todos os dias. Os números de 2025, portanto, permitem ao Estado vislumbrar avanços na frequência escolar na conclusão do segundo semestre.
“No ano passado, nós já havíamos registrado um aumento da frequência no mês de agosto de 2023 para 83,7% em 2024 e esse crescimento tem se mantido. Além das ações de busca ativa, implantadas em agosto do primeiro ano de gestão, neste ano ampliamos as possibilidades de comunicação com os pais e responsáveis com a ferramenta Sala do Futuro, que pode ser acessada por meio de aplicativo ou site, e neste espaço eles conseguem verificar o boletim escolar de seus filhos, se eles conquistaram medalhas nas nossas olimpíadas do conhecimento e se eles faltaram às aulas”, comenta o secretário da Educação, Renato Feder.
A frequência de março a agosto, ou seja, considerando o primeiro semestre e o primeiro mês do segundo semestre, também tem apresentado evolução:
- Em 2023, a frequência no período foi de 80,5%;
- Em 2024, de 83,1%;
- E agora, em 2025, de 84,6%.
O secretário destaca as ações de busca ativa e as ferramentas de tecnologia para acompanhamento constante da frequência escolar como cruciais para o avanço da frequência. “Todas as ações que a Secretaria têm implantado e reforçado desde o início da gestão tem um foco principal: o aluno em sala de aula, aprendendo. Esses resultados provam que estamos no caminho certo, com espaço para melhorar. O avanço do aprendizado passa pela frequência escolar”.
Feder acrescenta que a frequência escolar também está atrelada ao pagamento anual de bônus. “Nós percebemos um engajamento de toda a rede em atingir a frequência mínima. Até o ano passado, a regra era que escolas que atendem a estudantes no período diurno alcançassem 80% de presença e escolas que atendem também em período noturno, 75% de presença. A partir deste ano subimos a expectativa pela média para 82% e 77%”.
Sala do Futuro e responsáveis mais perto da vida escolar dos alunos
A ferramenta Sala do Futuro pode ser acessada pelos responsáveis por meio de aplicativo — sem uso de dados móveis para aqueles que têm telefones nas operadoras Claro e Vivo — ou pelo site https://saladofuturo.educacao.sp.gov.br/login-responsaveis. O login e a senha são os mesmos de acesso à Secretaria Escolar Digital (SED). É possível registrar o primeiro acesso e senha ou redefinir a senha no mesmo espaço, de forma simples e intuitiva. Se os responsáveis precisarem de apoio, podem pedir ajuda nas secretarias das escolas estaduais para acessar a aplicação.
Na Sala do Futuro, os responsáveis têm acesso à frequência escolar, podem justificar ausências, conferir os boletins bimestrais com as notas, o calendário escolar e tarefas de casa que estão pendentes. Desde março, 500 mil responsáveis já acessaram o aplicativo Sala do Futuro. A expectativa é que até outubro do ano que vem, 2,5 milhões de responsáveis baixem o aplicativo.
Como funciona a busca ativa
Na rede estadual de ensino, as ações de busca ativa são obrigatórias a partir de três faltas consecutivas e não justificadas. Uma resolução da Seduc-SP estabelece o acompanhamento individualizado com a atualização cadastral bimestral dos alunos e acompanhamento diário da frequência pela unidade escolar e diretoria de ensino, o contato e a notificação de pais ou responsáveis.
Na sede da Secretaria da Educação, o painel Aluno Presente permite o acompanhamento da frequência em toda a rede até o nível de cada turma, permitindo às lideranças agirem rapidamente nas regiões, escolas e turmas com maiores desafios.
Os alunos com frequência irregular e número excessivo de faltas têm garantidas possibilidades de recuperação da aprendizagem e de conteúdo. Além da redução das ausências diárias, a Busca Ativa também tem como objetivo evitar o abandono e a evasão escolar.
Renato Feder acrescenta que as ações que têm como foco a presença dos estudantes compõem uma série de movimentos para manter o aluno dentro de sala de aula. “A escola ficou mais atrativa, a partir de iniciativas como o aumento da carga horária de português e matemática, o Provão Paulista Seriado, o Prontos pro Mundo, a Educação Profissional, os itinerários formativos mais próximos da realidade e necessidade dos estudantes e aulas como educação financeira, oratória e outras disciplinas que têm se demonstrado importantes para a retenção e o aumento da frequência escolar.”
História de quem volta
Nicolas Gabriel da Silva Santos, de 14 anos de idade, frequenta a Escola Estadual Júlio Dinis, na zona leste, desde o 1º ano do Ensino Fundamental. Hoje, está matriculado no 9º ano. Em 2023, antes das ações de Busca Ativa, faltava muito às aulas, e era conhecido como “anjinho”, um apelido que não fazia jus ao seu comportamento. “A gente dizia que de anjinho ele não tinha nada”, conta a diretora da unidade, a professora Gisele Luzia Perli.
No caso de Nicolas, a família sempre foi presente, sua mãe Antonilza era integrante da Associação de Pais e Mestres (APM) e do Conselho de Escola e mesmo assim seus resultados educacionais estavam aquém do esperado. “Não foi por falta de acompanhamento, porque eu sempre participei da vida escolar dele. Todos os meus filhos estudaram na escola, ele e os irmãos pegaram dengue em 2023 e, por isso, ele ficou um tempo afastado. Depois disso, muitas vezes ele dizia que estava indo para a escola, eu saía para trabalhar quando voltava, ele não tinha ido porque tinha ficado dormindo”, conta a mãe. Em 2023, com o início das ações de Busca Ativa, a presença dele melhorou para os 80%, mas suas notas no Saresp foram de 25 em língua portuguesa e 20, em matemática, um reflexo de sua ausência em sala de aula.
O aluno Nicolas Gabriel, de 14 anos de idade
A diretora Gisele diz que as ações da Secretaria adotadas pela escola para manter Nicolas e outros alunos em sala de aula encontraram outra aliada: a eleição para o grêmio estudantil. “Ele queria participar da eleição e nós dissemos a ele que, para fazer parte do grêmio, ele precisava ser um aluno exemplar, frequentar as aulas e melhorar suas notas. E foi o que ele fez”, disse. Em 2024, a média de frequência escolar do estudante chegou a 87% e suas notas no Saresp passaram para 65, tanto em língua portuguesa, quanto em matemática.
No início deste ano, a média de presença de Nicolas chegou a 91%. “Eu não ia à escola por desânimo mesmo, porque dormia tarde e não queria acordar cedo, hoje estou mais acostumado. Hoje, se falto dois dias, a escola já me manda mensagem, manda mensagem para a minha mãe. A responsabilidade de participar do grêmio e também ser líder de turma me trouxe um amadurecimento, criei um vínculo com meus professores que não tinha antes, principalmente com o professor Fábio, de matemática, que me ajuda bastante. Hoje vou muito mais à escola e já recebi até um prêmio pela produção de um curta-metragem. O mandato do grêmio que eu fazia parte já acabou, mas continuo ajudando meus colegas”, reconhece o aluno.
No ano de 2023, Claudia Nascimento perdeu a filha e passou a criar o neto, Ítalo, aluno de outra escola da zona leste, a Escola Estadual Professora Maria de Carvalho Senne. Diante da perda da mãe, o estudante reduziu suas idas às aulas. Sua presença no ano foi de 73% e suas notas 30, em língua portuguesa, e 20, em matemática. Claudia, que cursou o magistério na mesma escola nos anos 90, diz que o trabalho da unidade foi essencial para que Ítalo retornasse para as aulas. “Minha filha também estudou nessa escola. A escola sempre apoiou o Ítalo, a direção está próxima dele, assim como os professores, que são excelentes, e eu vejo esse trabalho de proximidade e cuidado com todos os estudantes. Eu espero que a história do Ítalo e de como ele voltou e foi abraçado pela escola seja uma inspiração para crianças e adolescentes que estão passando por histórias semelhantes, que a história dele sirva como testemunho de vida”, afirma.
Em 2024, Ítalo atingiu 93% de presença e suas notas saltaram para 80, em língua portuguesa, e 70, em matemática. Neste ano, sua média de presença já está próxima à do ano passado. “Ele sempre foi muito inteligente, um aluno exemplar, e está voltando a ser com o apoio da escola”, finaliza a avó do estudante.